Abortamento Habitual

A incidência pode chegar a 5% dos casais férteis. Apesar de todo avanço científico cerca de 50% dos casos de abortamento habitual a etiologia não é descoberta.
Principais causas estabelecidas:
GenéticaAnatômicaTrombofiliaImunológicaA frequência de alterações genéticas é variável: nas gestações anembrionadas é de 90%, de 50% em abortos de gestações entre 8 e 11 semanas e 30% entre 16 e 19 semanas.
O estudo citogenético do produto de aborto pode confirmar ou descartar a etiologia genética. O estudo do cariótipo do casal é recomendado e caso se confirme doenças genéticas ou rearranjos cromossômicos, o aconselhamento genético deve ser oferecido, já que o risco de recorrência e o prognóstico gestacional dependem do tipo específico de alteração. Em reprodução assistida sugere-se o uso de diagnóstico genético pré implantacional (PGD).

AnatômicaAs malformações uterinas estão presentes em 10 a 15 % das mulheres com aborto de repetição. O porquê das perdas gestacionais está relacionado com as vascularização deficiente e à dificuldade de implantação do embrião em virtude da distorção da cavidade uterina. O útero septado é o que determina pior prognóstico reprodutivo, sendo indicativo de correção vídeo-histeroscópica mesmo antes da primeira gestação.
São também motivos de abortamento habitual: sinéquias uterinas, miomas submucosos, pólipos endometriais e incompetência cervical, nesta última patologia, a história clínica é típica de abortamento de segundo trimestre sem dor e sua triagem é feita pela medida do colo uterino pelo ultrassom transvaginal no momento da avaliação morfológica fetal (entre 20 e 24 semanas).

TrombofiliaRefere-se à predisposição aumentada de doenças tromboembólicas, podendo ser genética ou adquirida. Dentre as genéticas destacam-se: mutações do fator V de Leiden, fator II da protrombina; e mais raramente também mutação do gene MTHFR, deficiências da proteína C, proteínas S e antitrombina III As trombofilias adquiridas são associadas mais a um processo inflamatório do que trombose na placentação e é rastreada através da pesquisa de anticorpos como antifosfatidilserina, antifosfatidiletanolamina, anticardiolipina, anticoagulante lúpico. O tratamento é feito pela administração de heparina de baixo peso molecular.

ImunológicaNa etiologia aloimune destacam-se, no campo de pesquisa, as células NK que estão relacionadas entre outras coisas com a tolerância imunológica ao feto.
Concluindo, o abortamento habitual apresenta etiologia multifatorial, algumas associadas, e em 40 a 50% dos casos sem causa definida.
Portanto na programação gestacional, as medidas de suporte também são fundamentais.
Por Dr. Orlando Monteiro Jr.
(CRM/SP 73.806 – CRM/MS 3.256 – TEGO 568/95)

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