A Azoospermia é definida como ausência de espermatozóides no sêmen causada por obstrução das vias de saída dos espermatozóides (azoospermia obstrutiva – AO), por ausência de produção ou alteração da emissão (azoospermia não-obstrutiva – ANO).
Azoospermia Obstrutiva (AO):
A causa mais frequente de azoospermia obstrutiva é a vasectomia, existindo ainda outras menos comuns como a obstrução dos ductos ejaculatórios e a ausência congênita bilateral dos ductos deferentes (ACBVD). Nas azoospermias obstrutivas, a produção de espermatozóides está preservada e as vias de saída estão obstruídas. O diagnóstico é realizado no exame físico nos casos de vasectomia e ACBVD. Nos casos de obstrução do ducto ejaculatório, a análise seminal mostra um volume ejaculado abaixo dos valores normais acompanhado por um Ph ácido. O diagnóstico pode ser confirmado por várias formas, uma delas a deferentografia. O tratamento depende da causa. Na vasectomia, dependendo da avaliação de alguns fatores do casal, deve ser feita a reversão da vasectomia (vaso-vaso anastomose microcirúrgica) como primeira opção. Os resultados da cirurgia dependem do tempo da realização da vasectomia (melhor até 15 anos), da experiência do cirurgião e da técnica utilizada na cirurgia (com ou sem microscópio). A técnica recomendada é a microcirúrgica que utiliza o microscópio para auxílio na anastomose do deferente. Nos casos de falha na reversão da vasectomia, na impossibilidade de tratamento cirúrgico (ACBVD) ou da opção do casal por utilizar técnica de reprodução assistida, podemos recuperar espermatozóides, através de uma punção no testículo ou epidídimo, para ser utilizado em fertilização in vitro na técnica de Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides (I.C.S.I). A punção é um procedimento realizado com anestesia local no dia da captação dos oócitos da esposa.
Azoospermia Não-Obstrutiva (ANO):
As causas de ANO são defeitos no controle da produção (hormonal), problemas no próprio testículo determinando alterações na produção dos espermatozóides ou problema na emissão do sêmen (ejaculação retrógrada). Com exceção da ejaculação retrógrada, em todas as outras causas existe uma alteração na produção de espermatozoides, tornando o tratamento deste grupo de pacientes mais trabalhoso e complexo. A avaliação diagnóstica exige uma relação maior de exames que incluem avaliação hormonal, genética e eventualmente de exames de imagem. O tratamento depende da causa, porém com exceção da causa hormonal e da ejaculação retrógrada, o casal necessitará da utilização de I.C.S.I.. O primeiro passo para o tratamento de pacientes sem causa identificável ou tratável, é saber se no testículo existem espermatozóides para serem utilizados no laboratório. No momento não existem exames que revelem esse dado com certeza e segurança, tornando a exploração testicular para recuperação de espermatozóides necessária. A exploração ou mapeamento testicular pode ser realizada previamente ao tratamento, em ambiente de laboratório e associada à criopreservação (congelamento) de espermatozóides, se encontrados tornando possível o início do tratamento do casal com a certeza de existirem espermatozóides para o I.C.S.I. Outra forma é fazer a recuperação de espermatozóides conjuntamente ao tratamento, porém, nestes casos, é necessário informar ao casal que no caso de não se encontrarem espermatozóides, ou utiliza-se sêmen de doador para continuar o tratamento, ou perde-se todo o tratamento até então realizado. A exploração testicular é realizada em centro cirúrgico anexo ao laboratório de manipulação de gametas, sob anestesia local, associada à anestesia geral. Durante o procedimento, procura-se mapear o testículo na tentativa de encontrar um foco de produção de espermatozóides que serão utilizados para injetar os oócitos ou serem congelados para uso posterior. Em qualquer momento da realização da exploração testicular o material obtido após ser examinado no laboratório de manipulação de gametas é encaminhado para anátomo patológico para estabelecimento do padrão celular dos testículos e eventuais doenças associadas (neoplasia).