Endometriose: Cirurgia ou reprodução assistida?

A endometriose é uma patologia crônica que está presente em cerca de 10% das mulheres em idade fértil (da adolescência ao climatério). A infertilidade conjugal acomete cerca de 10 a 15% dos casais. Estima-se que a endometriose afete 40 até 50% das mulheres com infertilidade.
O tratamento da paciente com endometriose depende principalmente da queixa que esta mulher refere, ou seja, dor pélvica ou infertilidade.
Na dor pélvica a conduta terapêutica pode ser: farmacológica (com analgésicos, anti-inflamatórios e drogas que levam a atrofia dos implantes endometriais); e cirúrgica através da vídeo-laparoscopia, que além de confirmar o diagnóstico da endometriose, faz o estadiamento pélvico e resseca as lesões.
Já quando a infertilidade é a principal queixa da paciente portadora de endometriose o tratamento é diferente. Estudos científicos (medicina baseada em evidências, exemplo revisões sistemáticas como as publicadas na Cochrane) indicam que a reprodução assistida (inseminação/fertilização in vitro) é a conduta preferencial em vários casos.
Estes estudos demonstram, por exemplo, que, com a cirurgia dos endometriomas, que são cistos ovarianos de endometriose, não ocorre um aumento nas taxas de sucesso na obtenção de gravidez, quando comparado ao tratamento exclusivo de reprodução assistida sem a cirurgia.
Na verdade, a cistectomia que é a cirurgia realizada nos endometriomas pode sim, diminuir as chances de gravidez, já que frequentemente no ato peratório ocorre lesão do tecido ovariano sadio, levando a uma diminuição da reserva ovariana, que é a quantidade de óvulos que a mulher tem. Se há a redução importante da reserva ovariana, existe até o risco de uma menopausa mais precoce (falência ovariana prematura).
Estudos também demonstram o benefício da inseminação intrauterina no aumento das taxas de gravidez em pacientes com infertilidade sem causa aparente (incluem neste grupo pacientes com endometriose mínima e leve, que são estágios da doença que exames de imagem – ultrassonografia e ressonância magnética – não detectam).
Por Dr. Orlando Monteiro Jr.
(CRM/SP 73.806 – CRM/MS 3.256 – TEGO 568/95)

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